As mulheres na ciência e no ativismo brasileiro: Bertha Lutz

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    Bertha Maria Júlia Lutz, nasceu em 2 de agosto de 1894 em São Paulo, mas advinda de uma boa família (filha de uma enfermeira inglesa, Amy Fowler, e o cientista pioneiro da Medicina Tropical, Adolfo Lutz) foi enviada para a Europa para estudar, formando-se em Biologia (especializada em anfíbios) pela Universidade de Sorbonne, onde teve o primeiro contato com a campanha sufragista inglesa, luta essa que trouxe para o Brasil ao voltar para cá em 1918, se tornou tradutora no setor de Zoologia do Instituto Oswaldo Cruz e logo depois entrou por meio de concurso público no Museu Nacional (apenas a segunda mulher a ingressar no serviço público brasileiro).

Na imagem, a bióloga e líder feminista, Bertha Lutz

Em 1919, junto com outras duas mulheres pioneiras, fundou a Liga para a Emancipação Intelectual Feminina (formada por mulheres de classe média e alta escolaridade) que mais tarde se tornou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), que lutava pelo direito ao voto das mulheres. Bertha representou as brasileiras em uma Assembleia-Geral da Liga das Mulheres Eleitoras nos Estados Unidos, em 1922 e se tornou a vice-presidente da Sociedade Pan-Americana, e após muita luta, apenas 10 anos depois em 1932, o direito ao voto feminino foi estabelecido por decreto de lei de Getúlio Vargas, presidente na época. Em 1933, se formou em direito pela Faculdade do Rio de Janeiro e só mais tarde (em 1965) recebeu o título de professora emérita da UFRJ.

Foto: Arquivo/ONU

Bertha foi responsável por organizar o primeiro congresso feminista do país, o Congresso Internacional do Trabalho (OIT) para discutir direitos trabalhistas das mulheres. E além disso, fundou: União Universitária Feminina, Liga Eleitoral Independente, União Profissional Feminina e a União das Funcionárias Públicas. Foi candidata em 1933 para a Assembleia Nacional Constituinte pela Liga Eleitoral Independente, não foi eleita, mas se tornou a primeira suplente, assumindo o cargo de deputada federal após a morte do titular, Cândido Pessoa. Durante seu mandato, batalhou pela igualdade salarial entre homens e mulheres, redução da jornada de trabalho das mulheres (que era de 13 horas), licença gestacional de três meses, e defendeu os direitos trabalhistas da mulher e do menor.

Em 1937, quando as casas legislativas foram fechadas (ditadura de Getúlio Vargas), Bertha continuou em cargos públicos importantes (como a chefia do setor de Botânica do Museu Nacional), mesmo que sua luta a frente da política tenha sido brevemente suspensa. 

Em 1975, Bertha fez seu último ato público em defesa aos direitos das mulheres, durante a Conferência de São Francisco organizada pela ONU no México, em que Bertha foi convidada pelo Itamaraty em um sinal de reconhecimento de sua luta durante todos os anos anteriores.

Em suas contribuições na área da educação (além de como bióloga), Bertha Lutz realizou incríveis feitos, como: 

  • Conseguiu a admissão de meninas no Colégio Pedro II (uma das instituições de ensino mais renomadas desde o Império);
  • Com apoio do Ministério da Agricultura, ela realizou uma difusão de conhecimentos domésticos e agrícolas junto da população rural, o que favoreceu muito a organização de cooperativas industriais regionais femininas;
  • Ela viajou aos Estados Unidos e Bélgica (entre 1923 e 1929) para estudar a forma como aqueles países tratavam a educação doméstica agrícola e recebeu um prêmio da Bélgica pela relevância de seus estudos. Aqui no Brasil, esses estudos foram entregues ao Ministério da Agricultura que carregavam diversas medidas, como: criação de escolas sobre economia doméstica e de serviços de extensão para levar conhecimentos domésticos agrícolas às mulheres do campo;
  • Em 1924, ajudou a fundar a Associação Brasileira de Educação.

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