Petição: Nós tememos pela Amazônia (We fear for Amazon)

08:29

O blog Verdeante em parceria com a organização internacional de jovens ativistas ambientais, a Youth.ify, montamos uma carta seguida de uma petição direcionada ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pedindo para que ele não faça acordos com Bolsonaro sem antes ouvir os povos indígenas e ambientalistas que estão alarmando-o sobre o perigo que seria confiar em Bolsonaro e Ricardo Salles e em suas promessas duvidosas.

Para assinar a petição, acesse o link do site Action Network.

O texto completo está lá, mas também vou publicas aqui:

Full portuguese version:
Nos dias 22 e 23 de Abril será realizada uma cúpula sobre o clima convocada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que reunirá 40 líderes mundiais. Entre esses líderes estará o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que visa fechar um acordo com os Estados Unidos, que consiste na transferência monetária em troca da preservação ambiental. Um projeto já foi apresentado a John Kerry, secretário responsável pelas discussões climáticas do governo americano. Esse projeto foi apresentado por Ricardo Salles, o ministro brasileiro do meio ambiente, em uma das reuniões que estavam sendo feitas a portas fechadas por ambos os governos.

O acordo estabelece que a contribuição dos Estados Unidos ao Brasil irá para a preservação da Amazônia, talvez devesse ir para o Fundo Amazônia, se não tivesse sido paralisado pelo governo. Esse fundo doa recursos financeiros de terceiros e de países estrangeiros para financiar projetos de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, além de promover a conservação e o uso sustentável da Amazônia Legal.

A realidade é que as taxas de desmatamento são as mais altas desde 2012 e começaram a aumentar logo depois que Bolsonaro assumiu a presidência. A meta do governo de reduzir o desmatamento é inferior ao valor que já foi registrado apenas no atual governo. Quando Bolsonaro assumiu o cargo, o desmatamento era de 7.500 km². Ele aumentou em 48%, para 11.088 km². A média 2016/2020 é 8.700 km².

Em 2020, quando o desmatamento atingiu seu pico, o governo Bolsonaro bloqueou RS$2,9 bilhões do Fundo, afetando diretamente os trabalhos de fiscalização e, portanto, favorecendo o desmatamento.

Lembrando que Ricardo Salles pretendia usar recursos do Fundo Amazônia para indenizar proprietários que vivem em áreas ocupadas em unidades de conservação da Amazônia, e que foi rejeitado por países europeus, como Alemanha e Noruega que já haviam sido contrariados pelas ações unilaterais de Ricardo Salles. Ainda, em setembro de 2020, Salles ironizou a fala de Joe Biden sobre formar uma coalizão internacional para transferir U$20 bilhões para a preservação da Amazônia, dizendo: “Só uma pergunta: a ajuda dos US$20 bilhões do Biden, é por ano?” em seu twitter.

Ou seja, não podemos confiar ou ter certeza sobre para onde iria o dinheiro dos Estados Unidos.

Sabendo das intenções quanto à preservação ambiental e lutas contra mudanças climáticas levantadas pelo governo de Joe Biden, Bolsonaro e Ricardo Salles parecem se aproveitar da ideia de ganhar dinheiro com isso, fazendo promessas que são imorais como: reduzir o desmatamento pela metade, mas esta metade é 16% maior do que a taxa de desmatamento quando Bolsonaro assumiu a presidência.

Em dezembro de 2020, Ricardo Salles (ministro do meio ambiente) e Ernesto Araújo (ex-ministro de relações exteriores), apresentaram uma meta para o Acordo de Paris que permite que o Brasil emita muito mais gases de efeito estufa até 2030, do que era nossa meta anterior. Foi movida uma ação popular contra ambos por “pedalada climática”.

Bolsonaro e Salles parecem aproveitar a ideia de ganhar dinheiro com as intenções de preservação e lutas contra as mudanças climáticas levantadas pelo governo de Joe Biden.

Não é possível a realização de acordos com um governo destrutivo como o de Bolsonaro
, que constantemente movimenta chefias responsáveis pela fiscalização de áreas desmatadas e irregularidades, que demite o superintendente da Polícia Federal do Amazonas que denunciou o ministro do meio ambiente por ficar ao lado de madeireiros ilegais.

Não é possível fechar acordos sem ouvir o que pessoas na linha de frente dessa batalha pela preservação ambiental sejam ouvidas, os indígenas, os ambientalistas e os pesquisadores, todos que apontam como o governo Bolsonaro não será benéfico à Amazônia com ou sem investimento dos Estados Unidos, pois nunca demonstrou ações efetivas para barrar essa destruição, muito pelo contrário, apenas incentivou.

Duzentas organizações brasileiras já enviaram uma carta a Joe Biden pedindo-lhe que não negocie silenciosamente com Bolsonaro e Ricardo Salles, mas que ouça a opinião pública, de ambientalistas, ativistas e organizações que há muito lutam pela preservação do meio ambiente. A Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) também se mobilizou para organizar um vídeo pedindo a Joe Biden que não confiasse nas vãs promessas do homem que é inimigo dos povos indígenas, da democracia e da Amazônia.

Por favor, nos ajude a reunir assinaturas de brasileiros, americanos e de pessoas de todo o mundo que se preocupam com a situação em que se encontra a Amazônia, para pedir que Joe Biden não ceda aos pedidos de Bolsonaro e Ricardo Salles, não pague por promessas vãs deste governo, e não firme acordo até que ações reais sejam tomadas para reduzir o desmatamento, remover grileiros, madeireiros e garimpeiros ilegais de áreas protegidas, trazer povos indígenas e ambientalistas para a conversa e reestruturar os órgãos ambientais brasileiros.

Esse é um apoio a mobilizações que já estão sendo realizadas por outras organizações.

Conheça ainda algumas organizações na linha de frente dessa luta ambiental brasileira e suas ações:
- O Greenpeace Brasil financia por meio de doações pesquisas e fiscalizações na região da Amazônia
- WWF Brasil que possui 72 projetos envolvendo a preservação de vida marinha, reflorestamento de áreas desmatadas, fortalecimento da agricultura familiar, entre outros
- A Apib ( Articulação dos Povos Indígenas do Brasil ) luta por seu direito a vida e territórios que estão sendo ocupados por mineradores, grileiros e madeireiros. Proteger os povos indígenas é proteger os guardiões de nossa Amazônia

E para saber mais informações sobre políticas ambientais brasileiras e notícias, acesse: ClimaInfo e Observatório do Clima 

Essa petição foi realizada por jovens da Youth.ify e pelo blog Verdeante

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