Uma distopia sobre o desaparecimento das abelhas e também sobre relações familiares. "Tudo que deixamos para trás", de Maja Lunde é uma ficção científica que passeia entre passado, "presente" e futuro. Nós temos três personagens principais enfrentando, em seus diferentes tempos, desafios relacionados as abelhas. 

Foto original, de Clara Barros Bueno.

William, em 1852, é um biólogo que tenta constantemente criar algo que possa se tornar o seu legado. Já em 2007, George é um apicultor americano que trabalha com o deslocamento de suas colmeias em apoio à polinização de culturas frutíferas de outros fazendeiros, ele luta para manter o negócio produtivo e acredita que o filho pode continuá-lo. Já em um futuro desconhecido, na China, Tao é uma mulher que trabalha na polinização, isso porque, neste futuro, já não existem mais abelhas e são os humanos quem fazem o seu trabalho, ficando dependurados nas árvores. Tao acredita em um futuro de boa qualidade para o filho e visa muito a educação do garoto para que ele obtenha uma condição melhor que a sua logo mais.

Durante a narrativa de George, em 2007, é quando nós começamos a entender os problemas ambientais se ampliando, o que se concretiza com Tao, no futuro. Os cenários e dados apresentados por Maja Lunde nessa ficção, infelizmente não são apenas ficção. E o futuro descrito não é tão difícil de se imaginar caso o mundo não altere sua rota quanto às mudanças climáticas. Uma fala de George, o apicultor, deixa muito claro o que tem acontecido, o homem tenta dominar a natureza e não se harmonizar com ela, e é aí que ele erra.

Essa é uma leitura que não serve apenas para quem gosta de ficção científica, mas também para quem gosta de fantasia, romance, terror e qualquer outro tipo de livro, pois ela nos abre os olhos para uma realidade que já acontece, como uma realidade que pode acontecer. Um livro para qualquer idade e escrito belamente por Maja Lunde. 

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