A fotografia nos conflitos
21:14Hoje, dia 19 de Agosto, é o dia da fotografia, a forma de comunicação universal que consegue transitar nos mais diferentes espaços do mundo.
A fotografia pode estar presente na área da moda, retratista, documental, ambiental, geopolítica, animal, e em infinitos espaços que eu nem saberia dizer. Imagens capturam o sentimento das pessoas assim como a música, elas traduzem o que é visto pelo fotógrafo, permite que cenários distantes se aproximem das pessoas e as informa. Ela pode conscientizar, educar e mobilizar populações.
As imagens vencedoras da Competição Fotógrafo Ambiental do Ano da Chartered Institution of Water and Environmental Management – CIWEM são exemplos da atuação importantíssima dessa arte na conscientização ambiental, alarmando para os problemas que já ocorrem em todo o mundo.
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Limpeza subaquática no Bósforo, pelo projeto Zero Waste Blue. Fotografia de Sebnem Coskun, 2019. |
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Aterro sanitário de Sisdol, no Nepal. Fotografia de Valerie Leonard, 2019. |
Atualmente vemos a função ambiental/social da fotografia voltada à questão ambiental nos registros das queimadas que ocorrem ao redor do mundo.
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Queimadas ocorrem no lugar mais gelado do mundo, a Sibéria em 2021. Fotografia de Maxim Slutsky / Getty Images |
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Queimadas na ilha de Eubeia na Grécia, em 2021. Fotografia de Angelo Tzortzinis / AFP |
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Pantanal em chamas, 2020. Fotografia de João Farkas |
O fotógrafo documental João Farkas lançou um livro recentemente chamado "Pantanal" com imagens do bioma o qual ele registrou durante anos, dizendo que foi o lugar onde viu as maiores belezas de sua vida. Farkas diz que fez esse livro para que, por meio das fotos, as pessoas possam se aproximar mais do bioma, conhecê-lo mais e amá-lo mais, e assim aprender a respeitar.
A fotografia é importante justamente por isso, aproximar assuntos que parecem ser tão distantes porque não ocorrem perante nossos olhos ou ao nosso redor.
Nisso vem também a fotografia documental e a antropologia (ou seja, o registro de populações/comunidades e culturas diferentes da própria do fotógrafo, com vivências). Fotografias assim nos permite conhecer características de outros povos e entender mais diferentes culturas.
Sebastião Salgado é um reconhecido fotojornalista brasileiro que tem trabalhos na área antropológica, assim como Claudia Andujar que trabalhou durante anos com povos indígenas, principalmente os Yanomami.
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Homens da tribo Zoé, no Pará. Fotografia de Sebastião Salgado |
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Série Catrimani (1971-1972). Fotografia de Claudia Andujar |
A fotografia está em todos os espaços, em momentos bons e ruins, em ambientes e cenários belos e cruéis, e é graças ao trabalho de fotojornalistas de conflitos, principalmente, que sabemos o que está acontecendo no Afeganistão, por exemplo.
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Talibã patrulhando Cabul, 2021. Fotografia de Rahmat Gul / AP |
Realidades podem ser mudadas por meio dela. De acordo com o documentário Hondros, que conta a história de vida do fotógrafo, na Guerra da Libéria (1989-1996), cerca de 10 fotojornalistas mandaram tantas imagens para a imprensa durante o tempo que ocorreu, que a pressão internacional se tornou imensa e a ONU adentrou o país tentando um acordo de paz, o que aconteceu pouco tempo depois.
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Membro da milícia liberiana leal ao governo comemora depois de disparar uma granada contra forças rebeldes numa ponte em 20 de julho de 2003 em Monrovia, Libéria. |
A fotografia portanto vai além da arte e do registro, ela envolve a realidade e tem a capacidade de escancarar problemáticas que muitas vezes o mundo não quer ver, tem a capacidade de tocar e mobilizar pessoas, ao mesmo tempo que podem ser poéticas e carregar diferentes tipos de beleza.
Como diria o fotógrafo Dan Eldon (dono de um ativismo criativo do qual já falei aqui toda pessoa tem a capacidade de promover um efeito positivo no mundo, seja por meio da fotografia ou como você souber.
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