Tuvalu: O país que se tornará virtual devido às mudanças climáticas

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 Pode parecer história de filme, mas infelizmente não é. Tuvalu é um país da Oceania, composto por nove ilhas e que possui 11.800 habitantes. Como é todo banhado pelo mar e diante das mudanças climáticas, Tuvalu enfrenta o aumento do nível do mar. Este aumento indica que até 2050 esse país não existirá mais, pois ficará abaixo da maré alta.



De acordo com a Segunda Comunicação Nacional da UNFCC (2015) e no Relatório de Risco do Banco Central, Tuvalu vinha tentando construir barreiras e elevar o nível do solo de suas ilhas desde a década de 80, mas suas proteções não foram bem sucedidas. E apesar de ainda tentarem medidas estruturais, Tuvalu também tomou outra decisão: fazer um backup de seu país.

Pode parecer loucura e algum episódio de Black Mirror, mas percebendo que seria praticamente impossível salvar o país fisicamente, o Estado de Tuvalu decidiu que poderiam salvar a cultura local e seus habitantes. Ao mesmo tempo que possuem planos para mudar a população de lugar, enviando-os para Nova Zelândia e Austrália - algo que já vem acontecendo, Tuvalu também pretende documentar e preservar seu nome como nação, de forma que todos os tuvaluanos, onde quer que esteja, possam fazer parte daquele país.

O país no momento constrói uma cópia digital tanto de sua cultura, tradição, área, residências, praias, sons, tudo que for possível, como o próprio governo explica no site oficial de Tuvalu. As áreas foram mapeadas por meio de uma varredura 3D e tem utilizado drones e câmeras 360° para registrar características físicas de cada espaço da ilha, de forma que imagens como do Google Maps possam ser geradas, porém com super resolução.

Os moradores foram convidados a compartilhar histórias pessoais, pertences de seus familiares e objetos de importância, para que esses possam ser digitalizados e guardados neste metaverso, como diz a reportagem da BBC sobre o caso. Mas além disso, o governo também busca manter sua soberania. Atualmente, na legislação internacional, para que um país se mantenha soberano este deve ter um território claramente definido e uma população fixa, o que não ocorrerá mais com Tuvalu caso este seja engolido pelo oceano. 

Portanto, o governo local está garantindo as fronteiras físicas de Tuvalu no metaverso e também construindo passaportes digitais para todos os seus moradores, de forma que estes continuem participando de eleições e registrando os acontecimentos de suas vidas, como nascimentos, casamentos, mortes e etc. A nova definição de país já foi adicionada na Constituição e essa deverá ser aceita por mais países.



Todo o projeto foi anunciado pelo ministro do país, Simon Kofe, em 2022, quando ele discursou na COP27, dizendo que: "Nossa terra, nosso oceano e nossa cultura são os bens mais preciosos do nosso povo", enquanto ele está cercado por uma paisagem de praia que na verdade faz parte do metaverso e já demonstra a construção do país virtualmente (o que é um tanto assustador).

Apesar dessa construção no metaverso, Tuvalu insiste que não desistiu. A ativista ambiental tuvaluana, Grace Malie declarou na Assembleia Geral da ONU que seu país e outros países como o dela "não serão engolidos pelo mar em silêncio". E por isso, eles continuam a pressionar a Austrália, por exemplo, a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e a extração e exportação de combustíveis fósseis. E de todo modo, o país não parou de construir barreiras e tentar elevar o nível de seu solo para lutar contra o aumento do mar.

Por outro lado, alguns críticos acreditam que é impossível que Tuvalu passe a existir por meio de uma "Nação Digital", como tem sido chamado o projeto. E que essa mudança para a nuvem seria apenas uma tática para pressionar países ricos a reduzirem suas emissões, classificando-o como uma pressão diplomática.

É triste pensar que um país composto por tantas ilhas, tanta beleza natural e cultura bem definida, possa desaparecer. Mas é importante notar que este é o ponto que chegamos com as mudanças climáticas, sem que seja feita muita coisa para freá-la por quem tem mais poder para isso, as nações ricas.

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